quinta-feira, 15 de março de 2012

Professor da rede pública do DF é o mais bem pago do país, diz entidade

Confederação Nacional avaliou remuneração em 13 estados e no DF.
Sindicato da categoria diz que mais de 540 mil alunos estão sem aula.


Pesquisa divulgada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) nesta segunda-feira (12) mostra que os professores da rede pública de ensino do Distrito Federal, que estão em greve, são os mais bem pagos entre 14 unidades da federação avaliadas.
De acordo com o levantamento, a remuneração média no DF – salário mais benefícios – de profissionais com nível médio é de R$ 3.121,95. Esse valor é 52% maior do que o segundo colocado na lista, Amapá, onde o profissional com a mesma formação recebe em média R$ 2.046,36.
Na comparação com o estado com a remuneração mais baixa, Espírito Santo, onde um professor com ensino médio recebe em média R$ 963,13, os docentes da rede pública do DF recebem 224% a mais.
A diretora do Sindicato dos Professores (Sinpro-DF), Roselene Correa, afirma que o alto custo de vida no DF explica as reivindicações da categoria. Além disso, ela diz que os professores querem equiparação não com os profissionais de outros estados, mas com outras áreas do GDF.
“Pergunta para o governador se o salário dos deputados distritais é o mesmo de um vereador do interior de Goiás ou do Piauí? Se você pegar a tabela de salários de nível do GDF, os professores estão lá embaixo. Para o último concurso do Detran, por exemplo, o salário inicial era praticamente igual ao meu, que tenho 30 anos de magistério. Nós queremos equiparação com outras carreiras do GDF”, afirmou.
Sobre o anúncio do governo de que vai cortar o ponto dos professores grevistas, Roselene afirmou que isso é uma tentativa de “intimidação”. “ O governo está tentando intimidar a categoria. Nós temos o compromisso com os alunos de repor os dias perdidos. Isso [o corte de ponto] já ocorreu em outros governos, a história se repete. Só que não é o corte de ponto que vai nos fazer mudar de ideia”, disse a presidente do Sinpro-DF.
O levantamento do CNTE foi feito com base em informações repassadas pelos sindicatos estaduais. A lista traz os valores pagos a professores de Acre, Amapá, Bahia, Ceará, DF, Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Piauí, Roraima, Rondônia, Santa Catarina e Sergipe. Os dados dos outros estados não foram repassados, informou o CNTE. Veja a tabela abaixo.
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VENCIMENTOS/REMUNERAÇÕES DAS CARREIRAS DO MAGISTÉRIO PÚBLICO DA EDUCAÇÃO BÁSICA (REDES ESTADUAIS) SEGUNDO A CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRABALHADORES EM EDUCAÇÂO

NIVEL MÉDIOLICENCIATURA PLENA


UFVencimentoRemuneraçãoVencimentoRemuneraçãoCarga horária% de Hora-atividade (H-A)Cumprimento da lei 11.738
ACR$ 890,00R$ 1.187,00R$ 1.843--30h33%Não paga o piso
ALR$ 1.187,00--R$ 2.172,10--40h25%Não paga o piso e não cumpre H-A
AM----R$ 1.807,52R$ 2.584,7540h--Sem informação sobre o piso (nivel médio). Não cumpre H-A
APR$ 1.085,00R$ 2.046,36R$ 1.283,07R$ 2.566,1440h33%Não paga o piso. Cumpre H-A
BAR$ 1.187,98R$ 1.879,14R$ 1.489,22R$ 1.953,5640h30%Não paga o piso na forma de vencimento e não cumpre H-A
CER$ 1.270,09R$ 1.397,10R$ 1.528,28R$ 1.681,1140h20%Não paga o piso e não cumpre H-A
DFR$ 1.777,61R$ 3.121,95R$ 2.260,08R$ 3.958,0440h20%Paga o piso, mas não cumpre H-A
ESR$ 510,05R$ 963,13R$ 775,72R$ 1.023,3225h33%Não paga o piso. Cupmre H-A
GOR$ 1.460,00--R$ 2.016,03--40h33%Paga o piso, mas sindicato luta para adequar carreira
MAR$ 725,81R$ 1.270,16R$ 927,27R$ 1.891,6320h--Paga o piso proporcional e não cumpre H-A
MGR$ 369,00R$ 1.122,00R$ 580,00R$ 1.320,0024h25%Não paga o piso e não cumpre H-A
MSR$ 1.489,67R$ 2.011,05R$ 2.234,50R$ 3.016,5040h25%Paga o piso, mas não cumpre H-A
MTR$ 1.312,00--R$ 1.968,00--30h33%Paga o piso proporcional. Cumpre H-A
PAR$ 1.451,00------40h--Paga o piso, mas não cumpre H-A
PBR$ 1.038,00--R$ 1.303,00--40h33%Não paga o piso. Cumpre H-A
PER$ 1.451,00----R$ 1.524,5340h30%Paga o piso, mas não cumpre H-A
PIR$ 1.187,00R$ 1.407,08R$ 1.418,15R$ 1.678,1540h30%Não paga o piso e não cumpre H-A
PRR$ 611,81--R$ 874,03--20h20%Não paga o piso e não cumpre H-A
ROR$ 943,21R$ 1.273,21R$ 1.587,55R$ 1.917,5540h33%Não paga o piso. Cumpre H-A
RNR$ 890,62--R$ 1.246,35--30h20%Não paga o piso e não cumpre H-A
RJ------------Sem informação
RRR$ 1.399,64R$ 2.009,36R$ 1.860,00R$ 2.529,6825h25%Não paga o piso na forma de vencimento e não cumpre H-A
RSR$ 434,45--R$ 770,66--20h20hNão paga o piso e não cumpre H-A
SCR$ 1.234,48R$ 1.743,10R$ 1.435,20R$ 1.994,0040h20%Não paga o piso na forma de vencimento e não cumpre H-A
SER$ 1.187,00R$ 1.661,18R$ 1.661,18R$ 2.326,5240h37,5%Não paga o piso na forma de vencimento. Cumpre H-A
SPR$ 1.718,02--R$ 1.988,82--40h20$Para o piso mas não cumpre H-A
TOR$ 1.329,00--R$ 3.062,00--40h20%Não paga o piso e não cumpre H-A
 Fonte: Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE)
Greve atinge 649 escolas

Mais de 540 mil alunos da rede pública de ensino do DF estão sem aula nesta segunda. De acordo com o Sinpro-DF, a categoria resolveu parar após o governo do DF não cumprir acordo estabelecidos em 2011. Segundo o sindicato, as 649 escolas públicas do DF vão permanecer fechadas até, pelo menos, 20 de março, quando será realizada uma nova assembleia.

A Secretaria de Educação afirma que o governo está impossibilitado de atender todas as reivindicações dos professores em razão da Lei de Responsabilidade Fiscal. Os gastos com pessoal estariam quase no limite do que permite a lei, segundo o GDF.
Na semana passada, quando os professores decidiram em assembleia decretar greve, o governador Agnelo Queiroz enfatizou que o governo não tem como dar aumento para nenhuma categoria do governo este ano, devido à LRF. Agnelo destacou que o segmentou foi o que recebeu maior reajuste na atual gestão.
"Como explicar para a população que vai suspender um serviço essencial uma categoria que recebeu 14% de reajuste, o dobro da inflação, e com piso três vezes maior que o nacional?", indagou Agnelo Queiroz.
O secretário de Educação, Denílson da Costa, enfatizou que mais de 90% dos pedidos de negociação, que começaram ano passado, já foram atendidas.
“Reestruturar carreira não é somente reajustar salário, tem mais coisas importantes e isso já vem sendo feito. A comunidade é que mais precisa de aula, por isso pedimos sensibilidade dos professores, uma vez que a greve interrompe o processo de diálogo”, disse o secretário.

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