sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Blogs são ferramentas poderosas para falar na linguagem do aluno, aponta pesquisa

Desde a popularização dos computadores pessoais, em meados dos anos 1990, muitas escolas incorporaram a informática em seus currículos. Entretanto, de acordo com a bióloga e professora Mônica Fogaça, “trata-se de uma orientação hierarquizada, que não ouve os interesses e conhecimentos dos alunos”.
Mônica é autora de uma pesquisa recente feita na Faculdade de Educação (FE) da USP que verificou como a utilização de blogs pode auxiliar o aprendizado de estudantes do ensino fundamental nas aulas de Ciências. “Além de mudar a relação da informática na escola, tentamos também influenciar a formação dos jovens numa direção mais solidária e coletiva”, diz.
A tese de doutorado “Blog no ensino de ciências: uma ferramenta cultural influente na formação de identidades juvenis” foi realizada durante os anos de 2009 e 2010, com os alunos de Mônica do 9º ano do Ensino Fundamental do Colégio Marista Arquidiocesano, localizado na zona sul de São Paulo, onde também coordena a área de ciências.
Na atividade, os estudantes tinham de manter um blog, no qual escreviam sobre os conhecimentos aprendidos em sala. “Dei liberdade a eles no texto: podiam usar a linguagem que quisessem, até mesmo gírias de internet. Só não eram permitidos ofensas e plágio”, conta a bióloga.
Ela relembra que, no começo, os artigos dos alunos eram recheados de humor. “Eles achavam que ler não tinha graça, então usavam muitas brincadeiras pra fazer as pessoas continuarem lendo”, explica. No fim do ano, porém, segundo Mônica “os textos cresceram, usando termos técnicos, propondo discussões amplas e até chegando a ser politizados”.
“Eu me remexo muito”
Durante a pesquisa, 66 blogs foram analisados no aspecto geral. Numa segunda fase do trabalho, Mônica analisou dois desses sites qualitativamente, verificando as diferenças e as evoluções dos discursos ao longo do curso.
O ano letivo foi dividido em três trimestres, e cada um com um tema específico. O primeiro, “Eu me remexo muito”, abordava a ciência presente nas práticas corporais juvenis, como circo e handebol. “Um caso interessante foi o de alunas que desenvolveram um trabalho sobre balé. Elas não se sentiam confiantes para escrever e não tinham boas notas, mas depois nunca mais foram chamadas para recuperação”, rememora Mônica.
Para a escolha do tema seguinte, foi realizado um mapeamento de interesses com os alunos. “Dá pra pensar muitas coisas ouvindo o que eles desejam fazer”, conta a professora, que ainda ressalta que “precisamos também tentar falar a língua dos jovens. Não existe uma cultura jovem, existem diferentes culturas jovens, e é preciso se manter em contato com eles a todo momento.”
Pais e alunos
No segundo trimestre, “Estética na cultura juvenil” foi o assunto principal dos textos dos alunos, com conhecimentos de Química e Ecologia aparecendo lado a lado de uma visão crítica sobre a ditadura da beleza.
Para encerrar o ano, “Se liga, bro!”, falava sobre telecomunicações, também discutindo propaganda e consumismo. “Aqui, foi interessante o trabalho de autocrítica, porque os alunos pertencem a uma classe privilegiada. O maior ganho foi a redução do preconceito, que é uma das metas do nosso projeto pedagógico. Com isso, os estudantes também passaram a se relacionar melhor entre si”, ressalta.
A professora conta que os pais que tiveram acesso foram bem receptivos ao projeto. “Eles acharam impressionante ver os filhos se envolvendo com a pesquisa para os textos, até porque muitos jovens têm por prática manter a cibercultura isolada dos pais para que eles não tenham acesso ao seu mundo.”
Em compensação, segundo Mônica, “alguns professores achavam errado dar a liberdade de escrever como quiser, pela fuga da gramática normativa. Isso é mais uma prova da exclusão da cultura do jovem”.
Os alunos, porém, adoraram, constatou a professora. “Para eles, criou-se um território só deles. No começo, ninguém queria fazer comentários nos blogs dos outros, mas todos adoravam ler os comentários que tinham aparecido nos textos deles. Isso me fez entender que, para os adolescentes, internet é sinônimo de conversar com os outros”, opina.
Experiência inglesa
Quando questionada sobre a presença de temas não usuais em uma aula de ciências, a professora explica que isso faz parte da proposta curricular do colégio, que trabalha com uma abordagem baseada nos “Estudos Culturais”, um campo antidisciplinar que surgiu na Inglaterra do pós-guerra.
Estudos Culturais, explica Mônica, baseiam-se no conceito de que “não existe alta ou baixa cultura, que toda cultura é válida e deve ser problematizada”.
Sobre as aplicações da abordagem no ensino de física, química ou biologia, a professora avalia que “o ensino de ciências tem que olhar mais não só os seus produtos, mas também os efeitos deles”.
O estudo foi apresentado este ano na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, orientado pelo professor Marcelo Giordan.

Fonte: http://www.blogeducacao.org.br

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quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Pesquisa indica que aulas de música ajudam no desenvolvimento da criança

Cantigas de roda, canções de ninar ou músicas clássicas que os pais colocam para os filhos ouvirem desde cedo. É notório que música e atividades culturais são benéficas para as crianças, seja por aguçar os sentidos ou por promover a socialização.
Agora, uma pesquisa desenvolvida pela York University e pelo Royal Conservatory of Music de Toronto, no Canadá, traz novos fundamentos científicos para os benefícios dos sons no desenvolvimento infantil. Segundo especialistas dessas instituições, os pequenos, quando recebem treinamento musical, apresentam maior desenvolvimento cognitivo, especialmente quanto à inteligência verbal e à velocidade de raciocínio.
A análise foi publicada recentemente na revista especializada Psychological Science.As gêmeas Anna Júlia e Maria Clara Darolt, 7 anos, estão nesse grupo privilegiado. As irmãs fazem aula de flauta doce na escola desde os 5. O mais curioso é que a iniciativa partiu das próprias meninas e não da mãe, a professora Carolina Witzke Darolt, 35 anos.
“Uns professores passaram na nossa sala, quando a gente estava no primeiro ano, falando da aula de flauta”, lembra Maria Clara. “A gente resolveu ter aula porque a gente queria tocar um instrumento”, completa Anna Júlia.
As duas contam que gostam muito de música e que fizeram amigos durante as aulas. Questionada se às vezes fica com preguiça de estudar música, Maria Clara é taxativa: “Não, eu sempre gosto de ir pra aula”. Anna Júlia destaca que, nos próximos anos, pretende aprender violão.
“O bom é que não preciso perguntar se, entre um ano e outro, elas querem continuar a frequentar a atividade extracurricular. Elas já me pedem para renovar a matrícula antes que eu diga qualquer coisa. Espero que isso perdure”, diz a mãe. Carolina notou que suas filhas, desde que começaram a estudar música, tornaram-se mais concentradas e observadoras.
“Esses dois aspectos fazem com que elas aprendam mais facilmente, pois não ficam dispersas na escola, por exemplo”, cita. Ela ressalta ainda que o desenvolvimento do vocabulário das meninas é um processo natural da aprendizagem nas aulas de flauta. “Elas começam a aprender nomes de outros instrumentos, de itens envolvidos no universo musical”, exemplifica.
A iniciativa das gêmeas parece ser eficiente, de acordo com a pesquisa canadense. Uma das autoras do estudo, Ellen Bialystok, professora do Departamento de Psicologia da York University, explica que a análise foi feita com 48 crianças de 4 a 6 anos, selecionadas aleatoriamente para ter aulas com jogos que tinham como foco a música ou as artes visuais.
“O treinamento em cada aula tinha estrutura equivalente, com conteúdos interativos, personagens de desenho animado, entre outros. A única parte diferente entre os treinos, em termos de conteúdo, era que um tinha como base a música e, o outro, as artes visuais”, detalha.
Ellen conta que todas as crianças passaram por testes antes e depois de 20 dias de aulas, que tiveram uma hora de duração cada. “Esses testes focavam na inteligência verbal e em tarefas que deveriam ser executadas com atenção. As crianças que receberam aulas musicais evoluíram mais nessas áreas que as do outro grupo”, descreve a canadense.
Segundo o líder do estudo, o especialista em neurociência cognitiva Sylvain Moreno, da York University, o mais surpreendente foi notar que “a melhora cognitiva e de linguagem aconteceu em 90% das crianças do grupo que teve aulas com estímulo de música”.

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quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Pais, filhos e "amigos virtuais" dos filhos

Por Içami Tiba

Sempre foi, é e deverá ser uma preocupação educativa dos pais saberem com quem andam os seus filhos.
Não tem como os pais tentarem terceirizar a educação dos filhos, pois educação é algo maior do que simplesmente amar de paixão, orientar, prover, agradar, ser amigo, perdoar, cuidar, ensinar, divertir, rezar, garantir a segurança, responsabilizar-se por eles. Educar é preparar hoje o cidadão do futuro.
Atualmente não é raro encontrar pais que delegam à escola a educação dos seus filhos.  Quando um aluno “apronta” e a escola convoca seus pais para uma reunião, estes geralmente atribuem a responsabilidade à escola e cobram dela medidas educativas. 
Pela Teoria Psicodramática, criada por Jacob Levi Moreno (1889-1974), os papéis são complementares ( pai/filho - mãe/filho - psiquiatra/paciente - motorista/passageiro -  professor/aluno - avô/neto - avó/neto - patrão/empregado - chefe/subordinado - tio/sobrinho) ou idênticos ( amigo/amigo - colega/colega - irmão/irmão).
A única complementação biológica correta é a complementação pais-filho(s) e não professor/filho (mesmo que seja filho do professor, o papel complementar em ação é o professor/aluno)  É esta complementação que a Lei segue e se não houver pai ou mãe, a Lei determina um adulto ou instituição que possa se responsabilizar por ele, enquanto for considerado menor ou incapaz.
Para corroborar este fato vem a realidade mostrando que quando um jovem por qualquer motivo vai à delegacia, ou pronto-socorro, ou necrotério, nenhum professor, nem diretor, nem motorista jamais foi ou é chamado. Os chamados são sempre os pais. ...e mais, filhos são para sempre enquanto para a escola o aluno é um transeunte curricular.
Portanto, não há saídas. A educação na formação de valores cidadãos é da responsabilidade dos pais. Os pais têm de controlar tudo o que os filhos recebem, seja o que for: alimentos, conhecimentos, pessoas à sua volta etc. Quanto mais vulneráveis, mais os filhos devem ser controlados. Quanto mais responsáveis, maiores autonomias terão.  Não se entrega a direção de um carro pelo simples desejo de um filho querer dirigir. Assim também os pais têm que saber com quem seus filhos estão se relacionando - presencial ou virtualmente. Muitos pais fornecem Internet para seus filhos e autorizam-nos a usá-la livremente. Assim, os filhos recebem, na intimidade da sua casa, pessoas estranhas que se fazem conhecidas virtuais na intimidade de suas famílias. Não raro, estes estranhos ganham mais força que os seus próprios pais e pedem sigilo para suas ações nem sempre boas, ou melhor, geralmente, malévolas, pois para as boas não necessitariam de alianças sigilosas. É assim que pedófilos conseguem seduzir crianças que se escondem dos seus próprios pais. Eles se mostram muito mais agradáveis, afetivos, interessados, generosos, dedicados do que os adultos que têm em casa...
Não confundir negligência dos pais com o respeito à individualidade do filho.  Soltar um incapaz no mundo virtual é o mesmo do que soltar uma criança sozinha numa feira livre, num festival musical, num circo em dia de apresentação...
Ser pai amigo é negligenciar a educação, negar ser guia, mentor e responsável pelo filho, pois não há complementaridade saudável no relacionamento amigo/filho nem pai(mãe)/amigo e se amigo tem amigo, filho tem que ter pai (mãe). 
Fonte: http://educacao.uol.com.br
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terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Antecipar a alfabetização do seu filho nem sempre é a melhor escolha

Antes de pular um ano letivo, a criança deve ser avaliada com cuidado para não enfrentar descompasso entre o intelectual e o emocional

As escolas brasileiras passaram por mudanças desde que a lei 11.274 foi aprovada em 2006. A nova lei ampliou o Ensino Fundamental para nove anos e deu até o final de 2011 para as escolas se adaptarem. O último passo já foi dado: a partir do ano que vem, só vão ingressar no primeiro ano do Fundamental os alunos com seis anos completos até 31 de março de 2012. A medida gerou uma corrida de pais dispostos a ir à Justiça para garantir que seus filhos entrem no Ensino Fundamental antes do estabelecido. Mas é bom para a criança estar adiantada?

Pular um ano é bastante comum na pré-escola, mas adiantamento deve ser definido pela maturidade da criança
Pular um dos anos da Educação Infantil não é incomum. Foi o que aconteceu, por exemplo, com a filha da professora universitária Michele Cunha Franco, de 43 anos. Quando Sofia cursava o que antes era conhecido como Jardim, nível anterior ao Pré, os professores perceberam que ela terminava as atividades muito antes das outras crianças. Receosos de que ela perdesse o interesse pela escola, já que não passava por desafios, sugeriram à mãe adiantar a filha. “A Sofia era mais madura: entre três e quatro anos ela não queria brincar de boneca e vivia me pedindo para ensiná-la a ler”, conta a mãe, que atendeu ao pedido. 


Com brincadeiras improvisadas, Michele acabou iniciando a alfabetização da filha, que aos cinco anos já sabia ler e escrever. Na escola, avaliaram que Sofia não poderia ficar em uma sala de sua própria faixa etária, já que acabaria achando a escola um tédio. 


O mesmo estava prestes a acontecer com a filha da secretária Vania Rayhel, 52 anos, se ela não pulasse um ano da Educação Infantil. “A Jéssica não queria brincar, ela queria aprender a ler e escrever”, diz. A escola acabou mudando-a de ano e a menina chegou ao Pré antes do esperado. “Nós não queríamos forçá-la a nada, mas tudo acabou dando certo e ela acompanhou sem problemas”, declara Vania. 



Ambas as mães comentam que o adiantamento na escola não prejudicou em nada o desempenho das filhas. Mas Michele assinala que se a filha tivesse pulado um ano por conta da ansiedade da mãe, o estímulo talvez não funcionasse. “O plano foi bem-sucedido porque não foi forçado: a iniciativa era dela”, diz. 

A psicopedagoga Nívea Maria de Carvalho Fabrício, diretora pedagógica do Colégio Graphein, em São Paulo, concorda: antecipar o ingresso de uma criança no Ensino Fundamental apenas para atender às expectativas dos pais é prejudicial. “De forma geral, alfabetizar crianças aos cinco anos pode ser uma loucura”, completa.

Maturidade da criança vs. expectativas dos pais


Com 35 anos de experiência em direção escolar, Nívea comenta já ter visto de todo tipo de criança, inclusive as que chegaram mais cedo ao Ensino Fundamental. Para algumas, tudo deu certo até a chegada à universidade. Para outras, nem tanto. Saber se uma criança está pronta para ser adiantada ou não exige uma avaliação muito individual e completa. Se não for realmente madura, a criança pode se desorganizar com as novidades e se desinteressar, passando a se achar incapaz. 


De acordo com a professora Neide de Aquino Noffs, psicopedagoga e diretora da faculdade de Educação da PUC-SP, outra questão deve ser levantada neste momento: a criança não vai acabar perdendo a infância mais cedo? 



Para Neide, a criança de cinco anos precisa ter a infância preservada e não há a menor necessidade fazê-la começar no Fundamental tão cedo. “No passado, quando a criança era adiantada, acontecia de uma maneira mais natural e não se corriam tantos riscos”.

Ao pular um ano letivo, a criança enfrenta um descompasso entre o intelectual e o emocional, o que pode atrapalhar o desenvolvimento escolar. Uma forma de contornar o dilema seria apostar em atividades extracurriculares, capazes de saciar a curiosidade e a aptidão intelectual precoce. “Excepcionalmente, pode acontecer de uma criança estar além das outras. Mas, na maioria das vezes, a escola deve se adaptar a ela”, diz Neide.

Alfabetização e adaptação


O processo de alfabetização costuma começar entre os seis e sete anos e pode acontecer mais rapidamente para algumas crianças do que para outras, mas de acordo com a orientadora pedagógica e educacional do Colégio Equipe, Luciana Fevorini, o aprendizado mais rápido não deve ser motivo para os pais verem em seu filho um pequeno gênio. 


O adiantamento depende de uma mistura de capacidades – de leitura, escrita e habilidades matemáticas – que devem ser analisadas a fundo. “As expectativas exageradas da família em relação à alfabetização não é legal. As escolas precisam saber fazer uma avaliação correta neste momento, até mesmo do desenvolvimento corporal da criança, das capacidades sociais e cognitivas”, diz. Para ela, o ideal é realmente respeitar a idade.



Fonte: www.ig.com.br
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segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Alunos deficientes

Por Içami Tiba

A maioria dos professores sabe que em uma sala de aula não há um aluno que seja idêntico a outro, como em qualquer outro ambiente em que se juntem pessoas como na família, na escola, na igreja, no trabalho, na sociedade, onde quer que seja. No planeta, cada terráqueo é um ser humano distinto do outro com suas características pessoais que nenhum outro terá totalmente idêntica.
O que diferencia um humano do outro são, na sua imensa maioria, os padrões e traços adquiridos após o nascimento através da infinita capacidade que os humanos têm de absorção, de aprendizagem, de desenvolvimento e de práticas constantes,como cultura, religião, idioma, habilidades específicas, alimentação, padrões sexuais etc.
O nosso nascimento dependeu de uma união de óvulo e espermatozoide em um ambiente adequado, útero ou similar artificial. Num mesmo país, depende da região em que se nasce, da família do qual nasceu, das condições locais de saúde, cultura, costumes, nível social, financeiro, religioso etc. Ninguém nasce por vontade própria. Mesmo a própria condição da família é diferente a cada nascimento de um filho, o que o torna diferente dos demais irmãos. Por mais que as variáveis sejam parecidas, cada filho é resultado de uma soma que ninguém ainda conseguiu calcular o número exato de quantas ações, reações e interações químicas, bioquímicas, fisiológicas, aconteceram para se chegar ao DNA de cada um...
Somos todos resultados de um sem-número, portanto, quase infinito, de crescimentos, desenvolvimentos, associações positivas e negativas que torna totalmente impossível encontrarmos dois seres humanos totalmente idênticos. Ponto final.
Partindo desta ideia de que somos totalmente independentes e muito diferentes uns dos outros, estabelecemos um padrão comum encontrado para subdividir os humanos em grupos. Os que pertencem e os que não pertencem a um padrão médio de funcionamento. Se escolhermos um padrão médio de funcionamento humano, seja o da locomoção, da audição, da visão, da articulação da voz, da inteligência racional, encontraremos os fora deste padrão como o paraplégico, o surdo, o cego, o mudo, o deficiente mental etc. Todos estes são deficientes em relação ao padrão considerado -  portanto são diferentes da média, mas não são desiguais. Todos devem receber o que lhes são devidos, principalmente na educação.
Estarão as famílias, as escolas, a sociedade preparadas para educarem pessoas deficientes? Com certeza, não. Os diferentes até há pouco tempo eram isoladas pelos “normais” (que têm o padrão médio considerado), e pouco se fazia para integrá-los à sociedade.
Existe ainda hoje o preconceito contra os deficientes quando trata estes seres humanos que têm, com certeza, outros padrões que se encaixam na “normalidade”, rejeitando-o como um todo. Inclusive este preconceito existe e por ser negado e não enfrentado e superado, os professores “normais” não estão sendo preparados nas suas formações acadêmicas para atender os alunos deficientes junto com os “normais”.  O ensinar o deficiente tem suas características específicas e, agrupá-los em algumas atividades específicas determinadas pelas suas dificuldades, torna-se tão necessário quanto valorizar seus padrões não diferentes, incluindo-os em atividades comuns. 
Como pode um professor em sala de aula atender pessoas deficientes no meio de tantos “normais”? Como pode um professor deixar de atender alunos deficientes se sua matéria não depende do padrão deficiente que um aluno tenha para aprender?
Estamos ainda muito próximos do jurássico comportamento de isolar o deficiente quando o que ele mais precisa é  ser ajudado a ser integrado, tanto pelos “normais” quanto por ele mesmo.
Fonte: http://educacao.uol.com.br

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sábado, 24 de dezembro de 2011

PRINCIPAL DESAFIO DA AVALIAÇÃO É PROMOVER EQUIDADE E INCENTIVAR BONS EDUCADORES

Para especialistas, o Brasil precisa aprimorar o uso dos resultados dos exames
Thiago Minami
Especial para o Todos Pela Educação

O próximo passo da avaliação educacional no Brasil é ajudar a alcançar a equidade no aprendizado dos alunos, para que todos tenham desempenho satisfatório. É preciso também saber mais sobre os bons educadores – quem são eles, como reconhecê-los e estimulá-los. Essa é a opinião dos especialistas consultados pelo Todos Pela Educação.
“Não adianta ter poucos bons alunos e muitos maus. Temos que olhar não só para as escolas com melhores resultados, mas também para aquelas com equidade no aproveitamento”, diz Fátima Alves, professora da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).

Em outras palavras, isso significa reduzir a defasagem entre os estudantes com melhor e pior desempenho, ao invés de incentivar somente aqueles com potencial para elevar a posição da escola no ranking da Prova Brasil ou do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). “Os resultados devem ser utilizados para melhorias internas, e não apenas para atender as exigências do poder público”, argumenta.

Na análise dos pesquisadores, o papel de professores e de gestores é fundamental. A avaliação tem de dar conta de identificar aqueles que fazem diferença e, com isso, encorajar educadores desmotivados. “É preciso combater os cenários tão frequentes de paralisia e inércia”, diz Lina Kátia Mesquita, professora da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e presidente da Associação Brasileira de Avaliação Educacional (Abave).
O que mudou desde 1990
Até 1990, as informações sobre desempenho dos estudantes e outros atores da Educação não eram obtidas de forma sistemática no Brasil. Isso mudou com a criação do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), realizado a cada dois anos por meio de teste de desempenho dos alunos e questionários aos gestores e professores.

Com ele, identificaram-se numericamente os problemas do ensino no Brasil. “Porém, dado o seu caráter amostral, ele não apreendia toda a diversidade educacional do País”, escrevem os professores da Universidade de São Paulo (USP) Reynado Fernandes e Amaury Gremaud no artigo “Qualidade da Educação: avaliação, indicadores e metas”.

Este primeiro momento da avaliação caracterizou-se pela “quebra da resistência da sociedade”, explica Fátima Alves. Surgiram grupos de pesquisa no governo e nas universidades para analisar os dados e percebeu-se, por exemplo, a importância de uma gestão escolar eficiente.
Em 2005, a Prova Brasil instituiu a avaliação censitária para o último ano de cada ciclo do Ensino Fundamental, mas somente nas escolas públicas e urbanas. Em 2007, ela se fundiu ao Saeb e o exame foi ampliado para parte dos municípios pouco populosos e escolas rurais. “Como a Prova Brasil não era realizada em 100% da rede, havia um risco de superestimação nos resultados”, aponta Fátima. Além disso, a avaliação se limitava a apontar os resultados, sem atrelar a eles prêmios, sanções e assistência, afirmam Fernandes e Gremaud.
Ainda restava, contudo, uma lacuna grande no sistema de avaliação: o Ensino Médio. Por isso, em 1998, foi criado o Enem. A prova, de participação voluntária, ganhou vigor a partir de 2005, quando começou a interferir na nota de alguns vestibulares e até substituí-los. Também foi aplicada para a seleção do Programa Universidade para Todos (ProUni), que oferece bolsa de estudos a estudantes com problemas financeiros. Naquele ano, o Enem passou a ser utilizado como ferramenta de diagnóstico do ensino público, com resultados por Estado, sistema de ensino e escola.
O Ideb
O momento atual da avaliação educacional brasileira começou com a criação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), em 2007. A principal novidade instituída é levar em conta o fluxo escolar – se o aluno está na série correta e com o aprendizado necessário à sua idade, o que ainda é um dos problemas mais sérios da Educação brasileira.

“Existem grandes contingentes de crianças e adolescentes que, às custas das dificuldades da aprendizagem e do pouco incentivo para os estudos, terminam por desistir da escola, seja pelo abandono da sala de aula, seja entregando-se às reprovações e às turmas dos excluídos”, diz Lina Mesquita.

“Também é necessário entender melhor a escala de proficiência [aprendizado] e usar os resultados para aprimorar a aprendizagem. Entender, por exemplo, quais conteúdos os alunos não entendem e por quê”, diz Fátima.
Avaliação educacional é pouco abrangente
Para os críticos da avaliação, as provas de desempenho deixam de fora aspectos da aprendizagem que não dizem respeito à transmissão de conhecimento. “A Educação vai muito além dos conteúdos exigidos por esses testes. Além disso, não tem como entender as necessidades de cada aluno com uma prova única”, opina Vitor Paro, professor da Faculdade de Educação da USP.

Ele explica que a avaliação deveria ser feita no dia a dia, com supervisão das escolas. “Não existe um teste nacional para todos os fabricantes de automóveis – cada um é capaz de se autoavaliar. Por que fazer isso na Educação?”, questiona.
Fátima Alves concorda com o fato de que a avaliação tem lacunas atualmente. No entanto, a pesquisadora acredita que, no Brasil, a aprendizagem de conteúdos básicos ainda é um desafio e, nisso, as provas podem ajudar. Fernandes e Gremaud argumentam que os resultados podem servir de incentivo aos professores – não para culpá-los pelo mau desempenho dos estudantes.

“A divulgação de resultados fornece parâmetros ao público interno (no caso das escolas, professores e diretor) e pode desfazer certas percepções que a escola ou a rede de ensino têm de si mesmas. Na falta de resultados comparáveis, pode-se acreditar estar fazendo um bom trabalho, quando de fato não se está”, dizem os autores.

Existem, de fato, riscos como o de fraudes, por exemplo, quando professores respondem às questões pelos alunos. Também é possível que as escolas e redes de ensino façam treinos específicos para melhorar o desempenho na prova, que se tornaria o objetivo final da Educação em vez de um instrumento de avaliação. Mais um problema é a escola decidir excluir os estudantes com baixo aproveitamento. Evitar esses obstáculos depende de contínuo acompanhamento dos órgãos públicos, apontam Fernandes e Gremaud.
 Fonte: http://www.todospelaeducacao.org.br
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sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Para cultivar o espírito de Natal

Por Lucila Cano

Embora a decoração ainda pareça tímida, já viramos a folhinha do calendário que anuncia um dezembro de correria, de desejos de consumo, de festividades e de promessas para o próximo ano.
Este mês também é tocado por um sentimento de solidariedade mais presente nas ações de voluntariado de um número cada vez maior de pessoas e empresas. O Dia Internacional do Voluntário, comemorado em 5 de dezembro, desde que foi criado pela ONU em 1985, já é um bom motivo para envolver as pessoas com as causas sociais.
A campanha Papai Noel dos Correios, informalmente criada por funcionários dos Correios há 22 anos, só faz crescer. Em 2010, foram recebidas cerca de 1.200.000 cartas para o Papai Noel. Após uma triagem, mais de 500.000 foram adotadas por “padrinhos” e os presentes distribuídos a crianças carentes chegaram perto dos 700.000.
Por isso, os Correios estão convocando “ajudantes” do Papai Noel para lerem e cadastrarem cartas. Essa é uma atividade voluntária e, portanto, não remunerada. Quem quiser colaborar deve fazer contato com a diretoria regional dos Correios do seu estado o quanto antes. A data final da campanha é 19 de dezembro, mas o encerramento ocorrerá antes disso em alguns estados (verifique o calendário e obtenha mais informações no site:www.correios.com.br).
A mesma orientação é válida para quem quiser ser “padrinho”. Acesse o site para saber qual o melhor endereço para retirar uma cartinha e qual a data limite para contribuir com um presente.

Sacolinhas, bazares e artesanato

Muitas empresas e instituições religiosas adotam a ideia das sacolinhas de Natal. Pessoas se mobilizam para comprar brinquedos, roupas e calçados e montam sacolinhas que, depois, são distribuídas em creches, orfanatos e em comunidades mais próximas da sua região.
Os bazares de Natal também se multiplicam nesta época do ano e podem ser uma boa saída para a aquisição de presentes a preços acessíveis e com renda revertida para projetos sociais.
Há ainda quem prefira colocar o seu talento em prática por uma boa causa, doando um pouco de si para alegrar e confortar crianças, idosos e doentes.
A solidariedade do artista plástico Marcelo Darghan se expressa através do que ele tem de melhor: a sua arte. Ele ministra cursos de artesanato desde 1989 e há anos ajuda o próximo com uma aula gratuita de artesanato no Parque Ibirapuera, em São Paulo (SP).
Cerca de 5.000 pessoas comparecem para um curso de Natal durante uma tarde animada, na qual aprendem a fazer uma peça de artesanato. Os interessados precisam se inscrever com antecedência e o ingresso deste ano, em benefício do Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer (GRAACC), é um item de higiene pessoal. O 3 de dezembro foi a data escolhida para a mega aula de 2011.

Exemplo é o que não falta

O Brasil é um dos países mais ativos do mundo em torno do voluntariado. Por isso, sempre há uma boa forma para cultivar o espírito do Natal e fazer da solidariedade um instrumento de paz, respeito e dignidade para vencer preconceitos e eliminar conflitos.
Muitas entidades precisam de bens materiais para dar continuidade aos serviços que prestam. Uma delas pode estar no seu bairro. Outras podem necessitar do seu trabalho, ou do seu talento para, por exemplo, organizar uma festa.
Para quem quiser colocar a solidariedade em prática, exemplo é o que não falta. Ao contribuir com dinheiro ou bens materiais, selecione uma instituição que realiza um trabalho no qual você acredita e cuja atividade você possa acompanhar. Quanto mais você participar do dia a dia dessa instituição, terá melhores oportunidades de ajudar, não só no Natal, mas também em outros momentos do ano.
O seu talento pode ser exercitado em múltiplas ações voluntárias. Ajudar o Papai Noel a ler as cartinhas endereçadas aos Correios é apenas uma delas. Forme um grupo de voluntários entre os colegas no trabalho ou na escola. Reúna os vizinhos, os amigos e os parentes para concretizar uma ideia. Os resultados surpreendem e são gratificantes.
 Fonte: http://educacao.uol.com.br


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quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Disque-Câmara: 72% dos entrevistados não acompanham debate sobre PNE

Maioria das pessoas que ligaram para o 0800 da Câmara desconhece a discussão sobre o Plano Nacional de Educação (PNE), que vai fixar metas para o setor nos próximos dez anos.

A legislação brasileira sobre educação é desconhecida pela maioria dos entrevistados em pesquisa feita pela Câmara. Das 1.010 pessoas que ligaram para o Disque-Câmara (0800 619 619) entre 10 e 25 de outubro, 64% não sabem do que se trata a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB – Lei 9.394/96). Já o Plano Nacional de Educação (PNE – PL 8035/10) é ainda mais ignorado – 72% dos entrevistados não acompanham o debate sobre o projeto de lei, que está em tramitação na Câmara há um ano.

A LDB, que completou 15 anos em 2011, estabelece diversas regras sobre o sistema educacional brasileiro, com base nos princípios da Constituição Federal de 1988. Fazem parte da lei desde a organização dos níveis educacionais até a responsabilidade pelo financiamento do setor.

Já o PNE, previsto na LDB, estabelece metas para a educação brasileira a cada dez anos. Após a edição da LDB de 1996, já houve um PNE, cuja vigência terminou no ano passado. O segundo plano está sendo debatido pelos deputados e já foi tema de cerca de 30 audiências em todas as regiões do País.
“Esse é o documento básico que vai conduzir as atividades da educação por uma década. A educação, mais do que nunca, é a bola da vez, até porque o Brasil só se sustenta no atual ritmo de crescimento, e vai além dele, se tiver uma política educacional que atenda a interesses sociais e econômicos”, afirmou o secretário da Comissão de Educação e Cultura da Câmara e consultor da pesquisa, Jairo Brod.
O presidente da comissão especial destinada a analisar o PNE, deputado Lelo Coimbra (PMDB-ES), não ficou surpreso com o resultado da pesquisa. Segundo ele, que já acompanhou debates sobre o tema em vários estados, o nível de conhecimento da população sobre as leis educacionais é muito baixo, até mesmo entre profissionais da área. “Parece que as pessoas não têm ideia de como um texto de lei pode ser importante para a vida delas”, alerta.
Olhar superficial
O doutor em Educação Erasto Fortes avalia que a população costuma olhar para a educação de forma superficial. “As famílias, de uma forma geral, têm até grande preocupação de que seus filhos estudem. Elas, contudo, não têm uma visão do que a educação pode efetivamente fazer na vida das pessoas. Preocupam-se somente com a frequência dos estudantes”, afirma.

A deputada Professora Dorinha Seabra Rezende (DEM-TO), que já foi secretária estadual de Educação, acrescenta: “Se a criança vai para a escola, tem merenda e tudo funciona normalmente, as famílias avaliam que a área funciona bem, não avaliam a qualidade do que foi aprendido. Mas o prejuízo da educação ocorre ao longo do tempo, não é imediato como no caso da saúde e da segurança, por exemplo”.
A falta de conhecimento sobre as leis faz com que a população acabe ficando de fora do debate sobre regras que terão influência na qualidade do ensino, como é o caso do PNE. A proposta estabelece, por exemplo, metas de expansão do ensino em tempo integral, de evolução dos indicadores de qualidade e de aumento das verbas destinadas pela União, pelos estados e municípios ao setor.
Minoria
A diretora-executiva da ONG Todos pela Educação, Priscila Cruz, no entanto, acredita que o desconhecimento da população sobre a legislação em educação “não é tão grande”. “Sem uma avaliação histórica, não há como analisarmos tendências”, alerta. Priscila afirma que o Plano Nacional de Educação deverá entrar no vocabulário geral quando for aprovado. Até agora, de acordo com a diretora, o debate está restrito aos leitores de jornais escritos, ou seja, à minoria da população.

O secretário da Comissão de Educação, Jairo Brod, também faz uma ponderação sobre o suposto baixo envolvimento popular nos debates sobre o PNE: “Em comparação com outros períodos e com outros temas polêmicos, até que a participação tem sido boa, sobretudo quando se avalia a utilização de redes sociais e o envio de e-mails. A Câmara vem oferecendo recursos para tanto e tende a oferecer cada vez mais”.
Quanto à Lei de Diretrizes e Bases, a avaliação de Priscila Cruz é que a regra ainda é tida como destinada apenas a educadores e profissionais da área. “A população ainda não a vê como um direito”, disse.
 Fonte: http://www2.camara.gov.br

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