Pelo menos uma vez por semana os alunos da educação infantil da escola São Luís, em São Paulo, deixam a sala de aula tradicional para passar algumas horas em um local especial, chamado Espaço e Movimento. Cama elástica, parede de escalada, minicampo de futebol. A decoração colorida, que mais parece um salão de festas infantis, faz parte da grade curricular dos pequenos, que se divertem sem perceber que desenvolvem sua psicomotricidade, objetivo final da proposta.
Tarefas como exercícios de alfabetização, primeiros passos para entender matemática e tentativas de leitura em público podem causar ansiedade, estresse e cansaço na criança. Consequentemente, acabam aparecendo problemas de concentração e relacionamento. A aposta nas atividades psicomotoras é baseada no entendimento que o desenvolvimento motor ligado às experiências corporais podem auxiliar os alunos nos estudos.
Segundo a Sociedade Brasileira de Psicomotricidade, as atividades psicomotoras estão relacionadas ao processo de maturação de uma pessoa, em que o corpo é a origem das aquisições cognitivas e afetivas. Portanto, a psicomotricidade tem como objetivo desenvolver três conhecimentos básicos: o movimento, o intelecto e o afeto.
A instituição ainda defende que a educação psicomotora seja rotina nas escolas, uma vez que condiciona e ajuda nos aprendizados pré-escolares. Coordenadora pedagógica do Maternal e do Ensino Infantil no colégio São Luís, Eliane Marques Costa conta que a psicomotricidade faz parte da grade curricular da escola há quatro anos. Antes, as atividades eram realizadas em sala de aula e no ginásio de educação física. "Começamos a aperfeiçoar cada vez mais o nosso trabalho nesse campo e sentimos falta de espaço, montagens e materiais apropriados. Então surgiu a ideia da sala, inaugurada neste ano", afirma.
Todos os aparelhos e brinquedos no local têm finalidades educacionais e de desenvolvimento motor. Eliane diz que estes exercícios auxiliam os pequenos a desenvolverem consciência corporal, habilidades motoras, sensoriais, perceptuais, cognitivas e afetivas, além da atenção e concentração.
Um exemplo é o túnel sensorial. Em formato de U, o túnel preto é coberto por diversos instrumentos musicais, como buzina, pandeiro e violão, que ficam pendurados do lado de fora do brinquedo. A ideia, é testar a audição das crianças que, para participar, precisam ficar com os olhos vendados. Ainda dentro do túnel, tem uma lousa para desenhos gráficos e um tecido no qual as crianças podem ver o contorno do próprio corpo e fazer jogos de sombra.
Enquanto na sala de aula os alunos desenvolvem o conteúdo básico escolar, no Espaço e Movimento, eles descobrem seus sentidos, seu corpo e suas capacidades motoras. A sala fica aberta todos os dias, das 7h às 18h, sendo escolha do professor a hora de utilizá-la. A coordenadora ressalta a necessidade de elaborar um plano de ensino que inclua os fundamentos psicomotores. "O educador precisa ter clareza dos objetivos a serem atingidos, sempre tendo em vista o desenvolvimento global da criança", diz.
Aulas de leitura, por exemplo, podem ser feitas dentro do espaço interativo. Depois de ler uma história, as crianças podem ser convidadas a montar pequenas peças teatrais dentro do local, ou realizar pequenos trabalhos manuais. "A criança fica mais concentrada no conteúdo quando relaxa, e isso acontece muito durante as brincadeiras", diz Eliane.
Fonte: http://noticias.terra.com.br/
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