quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Questões de valor

Como devemos agir? Como queremos viver? Você se faz essas perguntas no seu dia a dia de educador?



Numa de minhas idas a uma livraria, levei alguns exemplares ao caixa e a moça me disse: "Vou calcular o valor". Pensei em brincar com ela: "O valor desses livros é incalculável! O que você vai calcular é o preço". 

Conferir valor é algo que marca a intervenção dos seres humanos no mundo como criadores de cultura. A transformação que se opera por meio do trabalho se dá no aspecto material e também no plano simbólico de atribuição de significados. Os objetos e bens ganham valor pelo que representam para nós. Valorizar significa não ficar indiferente, implica manifestar-se em relação a algo. 

O escritor uruguaio Eduardo Galeano afirma que "fomos ensinados que o que não tem preço não tem valor". Assim, ele faz uma provocação para nós: as pessoas "são ensinadas" em todas as instituições, mas na escola o ensino se dá de maneira diferenciada. Somos desafiados a ref letir sobre os valores que difundimos. 

Os valores presentes nas ações do cotidiano 

Em todas as nossas ações e relações estão valores de diferentes naturezas: lógicos, estéticos, econômicos e morais. Esses últimos dizem respeito às atitudes dos indivíduos e, no cotidiano do trabalho dos diretores e dos coordenadores pedagógicos, eles aparecem na condução de uma reunião com a equipe, na resposta a uma reivindicação dos familiares, numa orientação aos alunos, no acompanhamento do trabalho dos funcionários. Existe sempre uma dimensão moral - e é preciso que haja também uma perspectiva ética. Moral e ética não são sinônimos. A primeira diz respeito ao ethos, ao jeito de viver de uma sociedade e ao conjunto de prescrições que orientam a vida coletiva. A segunda, a ciência do ethos, é a reflexão crítica sobre os fundamentos dos valores morais. Agimos moralmente e nem sempre realizamos uma ref lexão ética. E é isso que tem faltado em todas as instituições, incluindo as escolas. A pergunta da moral é: como devemos agir? A resposta está nos códigos, formalizados ou não, com as regras de cada sociedade. A pergunta da ética é: como queremos viver?  Ela faz referência ao sentido do agir. 

Como educadores, temos de fazer as duas perguntas. A da ética nos faz olhar  para a significação do dever. Devemos  ensinar conteúdos, avaliar e construir um  projeto pedagógico, mas... por quê? Para  quê? Nosso trabalho está colaborando  para a construção da vida plena, nossa e  dos alunos? Nas respostas e nas ações que  delas derivam, empenhamos nossa liberdade  e definimos nossa responsabilidade.  É o nosso desafio cotidiano, um desafio  que não tem preço!


TEREZINHA AZERÊDO RIOS é professora do programa de pós-graduação 
da Universidade Nove de Julho.
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