quinta-feira, 30 de junho de 2011

A importância dos critérios para formar turmas

Estabelecer critérios para agrupar os alunos evita que eles sejam classificados de forma negativa

Em reuniões pedagógicas, na sala dos professores ou mesmo nos corredores da escola, é comum escutarmos reclamações sobre algumas turmas. Essas queixas são repetidas na sala de aula e os alunos escutam que o grupo "x" é o mais atrasado, o mais barulhento, o menos colaborativo etc. Esses comentários são estigmatizadores e interferem no processo de ensino e aprendizagem. Já conhecemos a força das profecias autorrealizadoras: quando nos relacionamos com o estudante, pressupondo e agindo como se ele fosse incapaz ou incompetente, contribuímos para que ele se torne o fracasso que nele enxergamos.

O estabelecimento de critérios para a formação das turmas favorece a sua dinâmica e, assim, a qualidade da aprendizagem coletiva. Existem escolas que insistem em colocar todos os reprovados em uma mesma classe, separando-os dos que têm mais rapidez para aprender com autonomia. Essas mesmas instituições oferecem aos professores bem avaliados as salas com os "melhores", o que só reforça as supostas diferenças.

Um espaço pautado pela diversidade sempre é mais democrático e promissor. Distribuir proporcionalmente os alunos que demandarão ações pedagógicas específicas - entre aqueles com necessidades especiais de aprendizagem, novatos etc. - beneficia a todos. Uma medida simples, como equilibrar o número de meninos e meninas, pode fazer a diferença na dinâmica de uma turma. Agrupar os que trabalham bem e separar as parcerias que desfavorecem o processo de socialização e/ou aquisição de conhecimento também contribui com a gestão da sala. A intervenção na formação das classes deve buscar condições que facilitem o desenvolvimento do potencial de todos.

O orientador educacional precisa ficar atento às dinâmicas construídas por cada grupo no que se refere à convivência e à aprendizagem. Observar a sala de aula e os intervalos, conversar regularmente com a equipe de professores e de monitores são ações que ajudam a identificar problemas e aprimorar o trabalho pedagógico. Realizar sociogramas para representar graficamente a estrutura de relações interpessoais facilita o mapeamento da qualidade dessas interações e sinaliza as lideranças, assim como os casos de isolamento. Um grupo onde todos se sentem capazes, seguros e respeitados pode trazer boas surpresas.

Existem escolas que, no decorrer dos anos, não fazem alteração nas turmas, pois apostam no crescimento do vínculo entre os colegas. É verdade que o tempo ajuda a fortalecer a convivência, mas é preciso ter cuidado para que não se cristalizem os papéis desempenhados por alguns na turma. Às vezes, um jovem assume uma função (o bagunceiro, o palhaço) da qual não consegue se libertar, e a mudança de sala de um ano para o outro pode levá-lo a reconstruir uma nova identidade como estudante.

Favorecer a aprendizagem coletiva é papel do orientador, mas o ideal é que os alunos se autorregulem. As assembleias de classe, por exemplo, servem a esse fim ao analisar os problemas e propor soluções para eles. Pode soar estranho, mas o orientador deve agir para que sua mediação diminua com o tempo. Quanto menos o grupo precisar de sua intervenção, melhor.

Fonte: revistaescola
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