segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Alunos deficientes

Por Içami Tiba

A maioria dos professores sabe que em uma sala de aula não há um aluno que seja idêntico a outro, como em qualquer outro ambiente em que se juntem pessoas como na família, na escola, na igreja, no trabalho, na sociedade, onde quer que seja. No planeta, cada terráqueo é um ser humano distinto do outro com suas características pessoais que nenhum outro terá totalmente idêntica.
O que diferencia um humano do outro são, na sua imensa maioria, os padrões e traços adquiridos após o nascimento através da infinita capacidade que os humanos têm de absorção, de aprendizagem, de desenvolvimento e de práticas constantes,como cultura, religião, idioma, habilidades específicas, alimentação, padrões sexuais etc.
O nosso nascimento dependeu de uma união de óvulo e espermatozoide em um ambiente adequado, útero ou similar artificial. Num mesmo país, depende da região em que se nasce, da família do qual nasceu, das condições locais de saúde, cultura, costumes, nível social, financeiro, religioso etc. Ninguém nasce por vontade própria. Mesmo a própria condição da família é diferente a cada nascimento de um filho, o que o torna diferente dos demais irmãos. Por mais que as variáveis sejam parecidas, cada filho é resultado de uma soma que ninguém ainda conseguiu calcular o número exato de quantas ações, reações e interações químicas, bioquímicas, fisiológicas, aconteceram para se chegar ao DNA de cada um...
Somos todos resultados de um sem-número, portanto, quase infinito, de crescimentos, desenvolvimentos, associações positivas e negativas que torna totalmente impossível encontrarmos dois seres humanos totalmente idênticos. Ponto final.
Partindo desta ideia de que somos totalmente independentes e muito diferentes uns dos outros, estabelecemos um padrão comum encontrado para subdividir os humanos em grupos. Os que pertencem e os que não pertencem a um padrão médio de funcionamento. Se escolhermos um padrão médio de funcionamento humano, seja o da locomoção, da audição, da visão, da articulação da voz, da inteligência racional, encontraremos os fora deste padrão como o paraplégico, o surdo, o cego, o mudo, o deficiente mental etc. Todos estes são deficientes em relação ao padrão considerado -  portanto são diferentes da média, mas não são desiguais. Todos devem receber o que lhes são devidos, principalmente na educação.
Estarão as famílias, as escolas, a sociedade preparadas para educarem pessoas deficientes? Com certeza, não. Os diferentes até há pouco tempo eram isoladas pelos “normais” (que têm o padrão médio considerado), e pouco se fazia para integrá-los à sociedade.
Existe ainda hoje o preconceito contra os deficientes quando trata estes seres humanos que têm, com certeza, outros padrões que se encaixam na “normalidade”, rejeitando-o como um todo. Inclusive este preconceito existe e por ser negado e não enfrentado e superado, os professores “normais” não estão sendo preparados nas suas formações acadêmicas para atender os alunos deficientes junto com os “normais”.  O ensinar o deficiente tem suas características específicas e, agrupá-los em algumas atividades específicas determinadas pelas suas dificuldades, torna-se tão necessário quanto valorizar seus padrões não diferentes, incluindo-os em atividades comuns. 
Como pode um professor em sala de aula atender pessoas deficientes no meio de tantos “normais”? Como pode um professor deixar de atender alunos deficientes se sua matéria não depende do padrão deficiente que um aluno tenha para aprender?
Estamos ainda muito próximos do jurássico comportamento de isolar o deficiente quando o que ele mais precisa é  ser ajudado a ser integrado, tanto pelos “normais” quanto por ele mesmo.
Fonte: http://educacao.uol.com.br

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